sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Recordações

Como tenho crescido com todas as coisas que tenho vivido e em cada estação que tenho parado... e como é dificil às vezes esperar todas as estações do ano passar para ver as flores florescer e colher os frutos...
Não nego que o inverno pareceu chegar cedo por aqui... as folhas cairam, o vento levou meu fôlego e meus amores, bateu aquela imensa dor e pensei que não ia resistir...
Mas, depois do inverno sempre vem a primavera... tempo de esperança, de desabrochar... para só então vir o calor do verão... e a colheita? Ah... essa só acontece no devido tempo.
E cada estação tem sua própria beleza... e acontece na hora certa. Sem contar que a natureza se encarrega de enviar os beija-flores, os grilos, as joaninhas, os bem-te-vis, as companhias de cada estação... algumas companhias ficam por muito tempo... outras deixam um pouquinho de si e levam um pouquinho de nós para sempre... e nunca mais os vemos, mas continuam sendo importantes para nós.
Às vezes, em determinados momentos das estações, temos a sensação que ela nunca vai acabar. Foi esse o sentimento com relação ao inverno, que ele nunca passaria... Mas, foi no inverno que senti a intensidade da vida... através daqueles que mantêm seu interior sempre aquecidos, e que com aquele abraço de carinho, ajudam a aquecer a nossa alma...
Já fui ombro e já chorei muito no ombro dos meus amigos, já amei profundamente sem ser amada, já sofri a desilusão de um amor não vivido. Já construi castelos ao meu redor tentando proteger minha fortaleza, então destruiram meu castelo e resolvi solidificar uma casa com uma grande varanda e uma enorme entrada para receber meus amigos.
Isso aconteceu no dia que te vi partir. Com sua partida a construção iniciou... preparei um lindo jardim para esperá-lo, o quanto fosse necessário. Mesmo em meio ao inverno construi os bancos, ajeitei os canteiros, reparei os estragos, consertei os quebrados, projetei a ponte, fiz as irrigações, comecei a plantar as flores... E aos poucos fui percebendo que o importante não foi o dia que você partiu, mas, o pouco de você que ficou.
Aprendi a converter o mal (da ausência, da saudade) em bem (sorrisos, abraços, beijos). A ver os bons momentos, as alegrias, os desejos, os sonhos... como o substancial da vida. E enfim, o jardim volta a florir... timidamente, aos poucos, numa consonância com a própria natureza se adequando à estação da vida... E aprendendo a lidar todos os dias com o misto de sensações e emoções que se desvelam a cada manhã...
Qual intensidade de tudo isso? Já nem sei... Só tenho uma certeza... cada dia que se passa sou um novo alguém, que pensa, reflete, cria e recria, que volta atrás, que se arrepende das coisas erradas e dos erros cometidos, que continua amando incondicionalmente... e que estará sempre semeando nesse jardim sentimentos bons que emanem ao longe o cheiro da felicidade...